Por que eu faço o que eu faço?
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Quando você começa a estudar sobre estratégias e marketing pro seu negócio, abre-se um leque de temas, questionamentos e possibilidades. Ninguém resolve empreender da noite pro dia porque achou que seria fácil ganhar a vida assim. Muito pelo contrário, né?!
Quem resolve empreender, toma essa decisão com base em gostos, paixões, dons, potenciais, enfim, inúmeros motivos. E se um dia alguém te perguntar o motivo de você fazer o que faz, provavelmente você vai responder: "Ah porque eu amo!" - eu amo fotografar! Sim, amamos o que fazemos! E isso é ótimo!
Mas vou além disso e te pergunto: existe um propósito por trás do que você faz ?
Você já parou pra pensar que o que nós, prestadores de serviço fazemos, diz mais respeito ao outro do que a nós mesmos ?
Esses e outros questionamentos tenho me feito nos últimos dias. Sem cobranças e sem surtos. Apenas refletindo...
Ontem precisei sair pra ir à farmácia. Aproveitando que já estava na rua, estendi uma voltinha de carro pelo bairro pra olhar de longe a beleza do mar, de quem tenho sentido muiiiita saudade nesse período de quarentena. Me lembrei de que um dos momentos que mais me faço presente e reflexiva é enquanto dirijo. Tudo se torna sensível aos meus olhos e ao meu coração. Meu pensamento vai longe... E ontem durante essa voltinha, a sujeira no vidro do carro que estava parado sob chuva e sol nos últimos 15 dias, me fez imaginar que a minha vista diante daquele pára-brisa era uma fotografia antiga com muitos grãos e a imagem era de uma paisagem linda, serena, intacta, que sempre esteve ali, mas que há tempos eu não via. Senti, me emocionei, refleti por alguns minutos... e pra não deixar esse pensamento ir embora, comecei a falar sobre tudo isso que me vinha à mente, naquele momento com meu companheiro de vida, Dieguito, que silenciosamente me fazia a melhor companhia do mundo, como sempre.
Eu precisava registrar esse pensamento! Mas estava dirigindo, não tinha como escrever. Peguei o celular, bati uma foto pra ilustrar e desandei a falar...
" - Mor, vou te falar algumas coisas que me vieram na cabeça agora, pode não fazer muito sentido. Mas preciso falar... Olha essas sujeiras no vidro, não parecem grãos de fotos antigas? " - ele concordou. E ainda complementou: "Parecido com o que você tem feito nas edições dos ensaios online, né?" Ele tem se tornado um ótimo observador, tem entendido muito de fotografia e percebo que vem ressignificando seu olhar sobre ela nos últimos anos. (Também, né? hahahha)
Sim... era exatamente aí que eu queria chegar. Eu AMO fotos com esse aspecto antigo. Fotos granuladas, contrastadas, em preto e branco... E até então eu nunca tinha trazido isso pra minha fotografia profissional. E agora diante desses ensaios à distância, desprendida de equipamentos e técnicas, apenas exercitando a criatividade, tenho me permitido explorar essas características que tanto gosto!
O pensamento continuou: "Amo tanto esse estilo de fotos. Elas me remetem à lembranças. Fotos antigas, verdadeiras recordações. Vai totalmente de encontro com o que eu mais prezo no meu trabalho: a fotografia como recordação! E por que eu nunca pensei antes em trazer essas características pra complementarem a minha fotografia?!"
Na verdade eu sei a resposta... me cobro muito e sou muito apegada à técnica! Sim, sou capricorniana, me deixa! rs Vejo muitos fotógrafos que admiro, famosos, autores de fotos inacreditáveis... e eles têm algo em comum: não se apegam às técnicas! Se apegam aos momentos, às pessoas, à arte, à inspiração, ao PROPÓSITO que existe por trás daquele simples apertar de botão... e assim as fotos inacreditáveis simplesmente acontecem!
Ontem, durante esse diálogo e essa reflexão, me questionei sobre o porque de gostar tanto desse estilo de fotografia e o porque de bater tanto nessa tecla de fotografia como recordação. E voltei meu pensamento à mim mesma. Lembrei de como o meu olhar caminha por uma foto antiga quando a vejo. Aquela sem resolução, sem foco, sem composição, sem nada demais. Apenas o momento. O meu olhar busca detalhes. Busca informações. Que nem sempre estão ali. Nem sempre estão visíves. Mas se eu procurar, eu encontro. E eu acho que é aí que mora a beleza da fotografia como recordação. É memória. Ela faz a nossa mente trabalhar. Buscamos detalhes pra reviver os momentos dos quais nem nos lembramos. E encontramos.
Conclui isso e a partir dali muitas ideias surgiram na minha mente. Continuei compartilhando com o Diego e ele, sempre otimista, me trouxe outra reflexão: "Já parou pra pensar que se não fosse essa quarentena e os ensaios à distância que você tem feito, talvez você nunca teria tido essa percepção? Olha como foi bom passar por essas experiências!"
Sim. Foi essencial. Por diversas vezes já me vi frente a frente com esse questionamento, de POR QUÊ faço o que faço, e sempre acabava deixando pra responder depois. Num outro momento em que eu conseguisse me concentrar pra responder, quem sabe. Eu sabia que a reflexão seria profunda.
E assim foi.
Não que eu não soubesse o meu propósito até aqui. Não é isso. Isso sempre esteve claro pra mim. Mas a partir de agora, ficamos combinados assim. Tenho certeza de que estaremos ainda mais conectados, agora que vocês já sabem que eu penso assim. A fotografia depende do fotógrafo, mas ela diz muito mais sobre você do que sobre mim.
E se eu puder dar uma dica: guarde com muito cuidado e carinho suas fotos. Elas contam a sua história. Elas estarão aqui quando nem nós estivermos mais. Viva intensamente. E registre. Não deixe nem um pedacinho da sua história pra trás.
Com amor,
Ju